Powered By Blogger

domingo, 25 de julho de 2010

WIRED 08.10

A edição deste mês traz na capa a chamada para a matéria intitulada “Entertainment Reimagined”, sobre a nova tendência de como se contar histórias e engajar a audiência chamada ‘Transmedia’. Funciona assim: a história começa a ser contada em uma mídia (como TV) e é complementada de diversas formas em outras mídias (como Internet, HQ ou até mesmo telefone), de forma que a complementação enriquece muito o acompanhamento e até mesmo facilita o entendimento de alguns detalhes da história na mídia principal. Um seriado que fez uso constante da transmedia foi o Heroes, onde a audiência podia acessar websites de empresas fictícias da série e obter explicações sobre acontecimentos que desenrolavam na tela. Também foram lançadas algumas graphic novels com histórias paralelas, mas ligadas à trama principal. E os fãs também puderam votar na elaboração de um personagem original que apareceu de fato na história. E muitas outras coisas mais.

Outro exemplo genial de transmedia storytelling é o filme ‘Head Trauma’. Na entrada do cinema, o público recebe uma HQ que sutilmente sugere a visita a um website. No começo do filme, é pedido que as pessoas enviem uma mensagem de texto para um número, e na saída do cinema todos os telefones públicos estarão tocando ao mesmo tempo. Após o filme, as pessoas são engajadas com a história através do website e também do celular. Incrível!

A revista também traz outras matérias sobre saúde pública e tecnologia, como o sistema de coleta de lixo através de túneis de vento subterrâneos que está sendo instalado em Montreal, mas que já existe na Suécia (pasmem) há mais de 30 anos. O mictório que funciona sem água e economiza milhões de dólares em recursos naturais (água e energia), e a luta de seus idealizadores contra a associação dos encanadores e a preconceitos enganosos; e também mostra a enormidade da tarefa que os peritos em Sarajevo, Bósnia, têm de identificar os restos mortais das mais de 8100 vítimas do massacre racial perpetrado há 15 anos atrás, tudo através de análise de coletas de DNA. Tal tarefa possibilitou a essa equipe desenvolver tamanha expertise na área que já receberam pedidos de auxílio de praticamente o mundo todo na identificação de corpos.

Por fim destaco a matéria ‘Sergei’s Search’, que fala sobre como Sergei Brin, co-fundador do Google, decidiu contribuir para a pesquisa sobre o mal de Parkinson. Vendia sua tia e sua mãe sofrerem com a doença, ele fez um exame de seu DNA e descobriu que possui 50% de chances de desenvolvê-la também – o normal seriam 11%. Assim, alterou seu estilo de vida, incluindo atividades físicas e cafeína, e destinou $50 milhões à pesquisa sobre Parkinson. Nesse último ponto, o que mais o surpreendeu foi o quão pouco a ciência é capaz de entender este mal, e quanto o tradicional método científico é demorado na obtenção de resultados.

Assim, pela sua experiência no desenvolvimento do Google e também através da empresa de genética-pessoal 23andMe, pertencente à sua esposa, ele propõe um novo método de pesquisa capaz de reduzir um experimento que requer 6 anos de pesquisa para apenas 8 meses, obtendo praticamente os mesmo resultados. É mais um passo do Google na sua auto-imposta missão de organizar a informação do mundo.

Yes we did; Rahaf Harfoush

A campanha eleitoral de Barack Obama que acabou levando-o à Casa Branca em 2008 foi revolucionária não só por eleger o primeiro presidente negro dos EUA, mas também pela maneira habilidosa com que utilizou os meios de comunicação digitais, chamados ‘new media’, que exerceram um papel fundamental na transformação do semi-desconhecido senador em presidente Obama.

Disposto a romper com a maneira tradicional de se fazer política, dês o início Obama percebeu o quanto os new media seriam importantes para inspirar e organizar a mobilização das massas em prol da campanha, formando um time de pessoas talentosas para trabalhar neste departamento. A maioria dessas pessoas eram jovens recém graduados e que nunca haviam se envolvido com política anteriormente, sendo este mais um ótimo exemplo de que o talento e a dedicação podem superar a experiência na corrida pelo sucesso.

O livro de Harfoush se concentra no trabalho realizado pelo departamento de new media da campanha, o qual a autora fez parte. Ela explica de maneira bastante detalhada e envolvente as atividades desenvolvidas com o objetivo de engajar o público, muitas delas completamente experimentais. Ao longo do texto ela descreve os erros e acertos, e mais importante, contextualiza as lições aprendidas ao processo de construção da marca no ambiente empresarial.

Ao fim de cada capítulo é apresentado um Box chamado “Social Media Lessons” onde ela explica cada uma dessas lições e qual seria a melhor maneira de aplicá-las no dia-a-dia gerencial. Por exemplo, em uma ocasião ela escreve sobre a força que pequenas tarefas têm ao engajar o público junto ao seu conteúdo. Usuários da Internet são constantemente bombardeados com todo tipo de pedidos (assista ao vídeo, comente no blog...), o que pode sobrecarregá-lo e acaba levando-o a ignorar todas essas chamadas. Por isso, o segredo é começar com algo simples, como uma única pergunta ao invés de um questionário. Quanto mais fácil e rápido for a tarefa solicitada, maiores serão as chances das pessoas se envolverem.

De um modo geral gostei muito do livro. Alguns trechos mais eufóricos e parciais podem ser irrelevantes e desnecessários, mas na minha opinião não empobrecem o conteúdo de nenhuma forma. Os boxes sobre as lições aprendidas são um verdadeiro tesouro para o estrategista digital, todas muito relevantes e atuais, mesmo a campanha tendo ocorrido há dois anos atrás. Leitura altamente recomendada.

I Hate Presentations; James Coplin


Quando li o trabalho de Garr Reynolds em seu best-seller mundial Presentation Zen, fiquei admirado com a qualidade dos conselhos e dicas que ele passa sobre como desenvolver melhores apresentações, principalmente na questão do design dos slides.

James Coplin volta o processo um passo atrás e escreve seu livro sobre como preparar apresentações no sentido de elaboração do conteúdo e principalmente, como apresentar esse conteúdo. Para isso ele nos introduz a uma série de ferramentas simples e acessíveis para serem aplicadas dentro do sistema criado por ele, chamado GOER.

GOER significa GOAL, OUTLINE, ELABORATE e REFINE, que representam as quatro etapas da preparação, cada responsável por um estágio. Ao longo dos capítulos o autor nos apresenta a uma série de ferramentas muito úteis que ajudam na organização do trabalho e estimulam a criação além de refinar o resultado final.

Algumas dessas ferramentas são o “Five Why’s”, “Spider Diagram”, “Meaning Generator” e “Recall”, todas elas muito interessantes e que podem ser aplicadas a outras situações da vida também. Além dessas o autor nos apresenta a outros conceitos como o “A Time”, teoria que define em qual ou quais períodos do dia somos mais ou menos produtivos, e também aconselha (na verdade, considera fundamental e peca chave para a elaboração de uma boa apresentação) que o apresentador contate um membro da audiência e pergunte o que eles querem e esperam ouvir.

Citando o conceito “The Curse of Knowledge” do livro ‘Made to stick’, o autor argumenta que existe muitas vezes uma distância enorme entre o que queremos falar e o que eles querem ouvir. Uma das coisas que mais me surpreendeu e chamou atenção foi o que o autor chama de “School Essay Tecnique”, ou seja, o hábito que muitos de nós tem de redigir todo o conteúdo da nossa apresentação e depois recitá-la para a audiência. Coplin demonstra através de exemplos o quanto essa técnica é falha, pois nos leva a falar da maneira não natural, e também a estruturar o conteúdo de uma forma falha e incompatível com a natureza das apresentações.

Encontrei esse livro na biblioteca de Aylesbury, mas já está na minha lista de compras do Amazon. Na minha opinião é uma obra indispensável para qualquer pessoa ligada ao mundo dos negócios, seja ela um comunicador ou não. Mais uma vez, lamento não ter sido apresentado a este livro anos atrás quando ainda estava na Universidade.