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domingo, 30 de maio de 2010

ADMAP 05.10

A edição de maio da Admap traz como tema o conceito criado por Surowiecki no livro ‘The wisdom of crowds’, o chamado ‘collaborative marketing’, que diz que até mesmo as melhores empresas não tem mais condições de criar valor por conta própria e precisam buscar ajuda de fora. De acordo com o autor da matéria Mark Earls, não é a toa que atualmente a ciência e a tecnologia têm enfatizado tanto a nossa natureza social e nosso profundo desejo de colaborar. Earls divide o marketing colaborativo em quatro sub-disciplinas: collaborative communications, co-creation, collaboration with other brands and organizations, crowdsourcing.

A edição traz também alguns artigos muito interessantes como o de John Woodward comentando sobre o futuro do planejamento, onde argumenta que as mídias digitais e o ‘behavioural targeting’ sofrerão um salto evolutivo com a ampla adoção do GPS nos celulares, além do crescente foco na neurosciência para o estudo do público-alvo.

Outro artigo de destaque é o de Lês Binet e Sarah Carter onde explicam sobre a irracionalidade por trás das escolhas que fazemos no momento da compra e a importância de uma personalidade muito bem definida da marca, que crie associações na mente das pessoas e construa uma relação de afinidade entre elas.

O terceiro texto que na minha opinião é um dos mais importantes é o artigo ‘Question everything’ de Molly Flatt sobre social medias e word-of-mouth ,onde ela busca quebrar algumas falsas idéias bastante recorrentes sobre o assunto. Ela argumenta que, primeiro, o boca-a-boca não distingue off-line de on-line. As pessoas conversam sobre o que as afeta emocionalmente e não sobre o que lhes é apresentado na Internet. Segundo, a maior parte dos usuários de social medias pertence ao grupo etário entre 35 e 49 anos. Terceiro, preste atenção na imagem que sua marca pode ter online. Um grande número de seguidores no Twitter ou Facebook pode indicar somente que você é mais um “chato eletrônico” do que um “influenciador digital”.

sábado, 29 de maio de 2010

What the dog saw; Malcolm Gladwell

O quarto livro de Gladwell é uma compilação de artigos publicados no jornal ‘The New Yorker’ escritos por ele durante a última década, o mesmo período em que publicou seus outros três livros. Como sempre, o autor apresenta um texto muito agradável e cativante, mesmo quando discutindo temas que a princípio podem não parecer tão interessantes assim.

Além disso, o livro é também uma valiosa aula de jornalismo. O autor explica como dá início às suas idéias: primeiro ele parte de algo banal e corriqueiro, como por exemplo shampoo, e partir daí desenvolve sua pesquisa e começa a entrevistar pessoas interessantes que tenham alguma relação com o assunto. Sua pesquisa sobre shampoo o trouxe a uma agência de publicidade onde alguém o sugeriu que escrevesse sobre tinta de cabelo. Com isso ele conseguiu traçar um paralelo da história dessas tintas e sua publicidade com o contexto social vivido pelo público feminino em meados do século XX.

Seus artigos focam mais em pessoas do que em idéias, mas não é difícil identificar certas passagens encontradas em alguns de seus livros anteriores – essas sim, obras onde ele discorre sobre idéias originais (e geniais) pelas quais construiu seu nome no universo da literatura e sociologia.

Em pouco mais de quinhentas páginas, Gladwell constrói várias histórias interligadas por um problema em comum, mostrando o quão ampla é a sua área de pesquisa. É admirável observar o quão desenvolvidas são as suas habilidades como pesquisador, entre elas a curiosidade, a clareza de pensamento, a capacidade de estabelecer uma conexão entre diferentes temas e principalmente, a facilidade com que ele constrói seus textos de modo a fazer a conclusão final parecer óbvia, quando na realidade não é nada disso. Muito boa leitura, recomendo bastante.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

WIRED 06.10


Esta edição de Wired traz uma capa bastante inovadora que foi citada até mesmo na Campaign da semana passada. Como forma de promover a principal matéria deste mês a respeito dos sites de micro-empréstimo de dinheiro peer-to-peer Kiva e Zopa, eles celebram a honestidade e confiança no público com o que chamam de ‘the great trust experiment’, e cobriram algumas das chamadas da capa com aquela mesma cera das raspadinhas, e esperam que os leitores não raspem a capa para checar o que está escrito por debaixo, confiando na reputação da revista como atestado de qualidade.

A matéria, intitulada ‘The trust economy’ explica como esses dois sites de micro-empréstimos estão movimentando dezenas de milhões de dólares por ano, e principalmente, ajudando pessoas em diversos lugares do mundo a financiar algum tipo de pequeno negócio. Basicamente a coisa funciona assim: um voluntário a financiador publica no site quanto dinheiro está disponibilizando para empréstimo e a que taxa de juros. Do mesmo modo, quem precisa de dinheiro se cadastra no site e publica quanto dinheiro precisa e para quê. O site tem um sistema próprio de checagem da veracidade das informações e do nível de risco envolvido no processo, mas o incrível é que em pouco menos de cinco anos de existência o Kiva possui uma taxa de 98,46% de retorno do dinheiro emprestado. Eu já tinha lido sobre sites assim no livro ‘365 Ways to Change the World’ de Michael Norton, onde ele encoraja o uso desse sistema como forma de ajudar o desenvolvimento de comunidades em países subdesenvolvidos.

Outra matéria surpreendente nesta edição é a chamada ‘Jailbroken: How Brazil’s gangs run na empire from inside the world’s most conected prisons’, e explica como o crime organizado em São Paulo se estruturou de maneira a ponto de comandar toda a sua máfia de dentro dos presídios. Reportagem com direito a fotografias de Sebastião Salgado, explica alguns métodos que os detentos utilizam para trazer os telefones para dentro da cadeia, a corrupção na polícia paulistana, o surgimento do PCC como grupo organizado (ou como um sindicato dos presos, como o artigo diz) e cita o trágico evento ocorrido em 2006 quando durante três dias a cidade de São Paulo ficou a mercê da ação dos bandidos, que incendiaram ônibus e mataram mais de 40 pessoas em sua maioria policiais. De acordo com a revista, o PCC talvez seja a máfia que mais utiliza e mais depende de tecnologia no mundo.

A terceira reportagem de destaque chama-se ‘Teen América Digital Patriots’ e fala a respeito do novo projeto do departamento de defesa americano em identificar e recrutar jovens adolescentes (por volta dos 16 anos de idade) para ‘guerrear’ no mundo digital. Explica como a USAF criou uma competição chamada ‘US Cyber Challenge’ onde os jovens se dividem em grupos e o objetivo é defender uma rede de sistemas de vários ataques virtuais por um período de oito horas consecutivas e intensas. Eles acreditam na importância que a segurança digital terá em alguns anos e estão se antecipando a isso. Tais competições já ocorrem na China há pelo menos 20 anos, e os recentes ataques ao Google naquele país deixaram os especialistas atentos e alerta para os perigos que esse novo tipo de guerra pode representar.

Por fim, em um infográfico de duas páginas intitulada ‘The World Cup predicted’ eles explicam a teoria de Kuper e Szymanski que afirmam terem elaborado uma fórmula para predizer o campeão da Copa do Mundo utilizando dados como o PIB, população e experiência no esporte. Aplicando a fórmula em todas as Copas até então, acertaram o campeão em 72% das vezes. E de acordo com os cálculos, adivinha quem será o campeão deste ano...? Precisa mesmo dizer?