Obra lançada recentemente e bastante comentada nos círculos acadêmicos, já gerou inclusive uma segunda obra contestando os dados utilizados para a construção de suas teorias. Enfim, o livro ensina sobre a desigualdade social e como ela afeta a vida das nações mostrando que sociedades mais igualitárias apresentam menos problemas, de um modo geral.
A pesquisa procura distinguir os países estudados entre os mais ou menos desiguais e não entre ricos e pobres. Entretanto, dada a escassez de dados confiáveis disponíveis sobre países em desenvolvimento, como os africanos, latino americanos e grande parte dos asiáticos, a pesquisa cobre basicamente os países ricos, excluindo até mesmo os BRIC.
Ao longo dos vários gráficos apresentados, podemos perceber que os EUA constituem um dos países mais desiguais do mundo, enquanto a Suécia desponta como um dos mais igualitários.
O livro mostra uma série de problemas sociais que costumam aparecer com mais intensidade nos países que apresentam um maior índice de desigualdade, afetando a todas as camadas da população daquela nação. Existem os problemas que são mais óbvios como o aumento da criminalidade e população carcerária (e tratamento dos presos como forma de castigo ao invés de recuperação para a vida em comunidade), aumento da violência urbana e doméstica, e diminuição do nível educacional e quantidade de anos de estudo das classes mais baixas.
Mas o livro explica que a desigualdade afeta as pessoas de outras formas também, como diminuindo a confiança mútua, aumentando a busca por status e conseqüentemente o nível de estresse. Aumentam também a ocorrência de doenças mentais, depressão, abuso do álcool e uso de drogas. Aumenta a incidência de gravidez na adolescência e mães solteiras. E afeta também as pessoas na saúde física, crescendo o número de obesos (e todos os problemas que a obesidade causa) e diminuindo a expectativa de vida.
Os autores tentam buscar explicações para as causas de desigualdade social nas nações, mas encontram uma série de particularidades que dificilmente se repetem de um caso para outro. No entanto, eles propõe, algumas soluções para a desigualdade e conseqüente melhora das condições de vida das pessoas.
A primeira delas é a rejeição da idéia de incapacidade racial ou sexual. Todas as pessoas, independente de raça, cor, credo ou sexo são capazes de construir uma sociedade mais harmoniosa e igualitária. Para isso precisam desenvolver maiores laços de amizade e envolvimento social. A cooperação leva a uma melhor partilha dos bens, beneficiando a todos. O que as sociedades precisam é de uma extensa porém constante cadeia de pequenas ações voltadas para o bem social.
Uma atenção maior à infância e à criação das crianças, com mais participação na vida em família e transmissão de valores, cultura, afeto e dedicação. Isso ajudará no crescimento de indivíduos com um maior senso de participação social, maior autoconfiança e preparo emocional e psicológico na vida adulta.
E finalmente os autores sugerem que seja dado amplo incentivo à criação de companhias que pertençam a seus empregados, numa espécie de cooperativa, onde a divisão dos lucros como resultado do trabalho de todos seja melhor efetuado sem a necessidade de se pagar exorbitantes salários para CEO’s e membros da gerência. Além disso, destacam também a importância do papel desempenhado por sindicatos fortes na conquista de melhorias para sua categoria e para a igualdade profissional.
De um modo geral, achei a leitura um tanto extensa e tediosa algumas vezes, mas com um conteúdo sem dúvida bastante interessante e enriquecedor. O livro prova através de fatos o que o senso comum já revelava: a maioria dos problemas sociais se dá pela diferença exagerada que existe entre as rendas das pessoas dentro de uma sociedade.
O que achei melhor descobrir foi que há luz no fim do túnel, e que as soluções propostas são todas palpáveis; o que não é tão alcançável, entretanto, seria a mudança de mentalidade cultural necessária para pô-las todas em prática, infelizmente.