quarta-feira, 28 de abril de 2010
The Paypal wars; Eric M. Jackson
O motivo pelo qual me interessei em ler a história do Paypal foi, além de ser um ávido usuário dessa prática ferramenta, foi também a matéria publicada na Wired sobre o futuro das transações financeiras e como as transferências online estão remodelando esse mercado para sempre.
De fato umas das ambições dos fundadores era justamente conseguir dar às pessoas o poder de decidir os rumos de sua própria moeda, protegendo-as assim de governos incompetentes e/ou corruptos. O autor inclusive dedica um subcapítulo inteiro a descrever como o Paypal poderia ter ajudado o povo argentino durante sua crise econômica no ano 2000 caso já estivesse disponível internacionalment enaquela época.
O autor do livro foi também um dos primeiros funcionários da empresa e narra a história do seu ponto de vista, mas sem se colocar como personagem principal, sendo muito feliz nesse aspecto - o livro conta a história do Paypal e não a história dele dentro da empresa. No entanto, na minha opinião como publicitário, o autor poderia dar mais detalhes a respeito de algumas decisões estratégicas que foram tomadas, já que Eric Jackson era o principal responsável pelo Marketing da companhia.
A história descreve muito bem (e num excelente contexto) algumas das verdades que ouvimos falar tão repetidamente nos livros de business deste novo século, como por exemplo o poder que o consumidor digital tem de não aceitar decisões unilaterais por parte das empresas e reagir contra isso, muitas vezes punindo a empresa em questão. O livro é recheado com casos onde o Ebay tentou "empurrar" novos comportamentos aos seus usuários (como a adoção frustrada do Billpoint) e viu sua reputação manchada e ainda por cima ajudou a reforçar a aceitação do Paypal.
Descreve também o gradual crescimento viral de sua rede de usuários e como isso foi alcançado (este é também um dos pontos onde gostaria de ver mais detalhes), e além disso mostra também como a companhia se preocupou desde o início em captar pessoas jovens e talentosas ao invés de buscar gente com mais experiência.
De um modo geral gostei bastante da leitura. Encontrei vários paralelos com o livro "The Search" também sobre os gigantes da economia digital. Me ajudou a esclarecer alguns conceitos a respeito do mercado online que só conhecia em breve teoria, além de ser uma inspiradora história sobre empreendedorismo e visão estratégica inoadora.
domingo, 18 de abril de 2010
APG the Gold Standart; Matt Willifer
Enfim, em meio a tantos casos dignos de nota, eu identifiquei alguns que na minha humilde opinião merecem destaque dos demais:
'When respect is due'; Home Office/COI - Police, 2001 (M&C Saatchi; Richard Storey). A Polícia sofria um grande problema em sistema de recrutamento: embora o número de candidatos fosse mais que excedente, o número de candidatos com capacidade satisfatória para preencher o cargo era bem menor do que o necessário. Para ser um oficial da Polícia é necessário ter um preparo mental/emocional diferenciado, algo encontrado em aproximadamente 0,1% das pessoas apenas. A estratégia adotada pela agência foi a de estimular o respeito por aqueles que eram capazes de atender às necessidades para se tornar um policial, fazendo 999 em cada 1000 pessoas perceberem que não estavam à altura da profissão. O que me chamou a atenção neste caso foi o caminho que o planejamento percorreu para chegar a seu objetivo, que foi exatamente o oposto do que o senso comum sugere (normalmente nós encorajamos as pessoas a tentarem, e não a desistirem) e que atingiu em cheio o objetivo de comunicação.
'Litter pickers make the tube run faster'; London Underground, 2001 (Partners BDDH; Jane Lingham). Gostei deste caso porque resolveu um brief que nos foi dado durante o meu mestrado: comunicar os pequenos (mínimos, na verdade) melhoramentos no serviço no metrô de Londres ao usuários. Na ocasião meu grupo infelizmente não conseguiu realizar um bom trabalho, diferentemente da BDDH. Exercitando o uso do pensamento lateral, eles foram muito além dos benefícios mais imediatos que o aumento do número de câmeras de circuito interno e catadores de lixo podem promover e chegaram à seguinte (e óbvia) conclusão: O London Underground está preocupado em manter o serviço mais rápido. Lixo que não cai nos trilhos mantém o serviço regular. CCTV identifica e previne distúrbios nas estações que podem atrasar os trens. Mais pontos de ajuda auxiliam os usuários a pegar o trem correto durante as trocas e mantém sua viagem sem interrupções desagradáveis. O insight para essa estratégia foi o fato trazido pela pesquisa de que o que mais importa para o usuário do metrô é justamente terminar sua viagem gastando o mínimo de tempo com o máximo de conforto possível.
Electrolux - from home pride to health care; Electrolux, 1997 (Bartle Bogle Hegarty; Nick Barham). Este caso eu destaco por ser um ótimo exemplo de reposicionamento da marca. Haviam alguns grandes problemas não só com o produto da Electroluz mas sim com todo o mercado de aspiradores de pó: falta de inovação dos produtos (pouquíssimo desenvolvimento tecnológico na área, mesmo sendo um produto de 95 anos de existência), falta de interesse pelo produto (as pessoas somente pensam no aspirador quando precisam comprar um - mais ou menos um período de 7 dias a cada 2000 dias), falta de interesse por marcas (pessoas não se interessam nem por marcas nem por publicidade de aspiradores - afinal, um aspirador é um aspirador e pronto), e por fim, falta de inovação na publicidade. A presença de tantos fatores negativos gerou uma pesquisa profunda sobre o assunto. Profunda o bastante para se estudar até mesmo que havia na sujeira que era aspirada. Com isso descobriu-se a enorme quantidade de poeira e bactérias que existe nos carpetes domiciliares, e também o quanto órgãos de saúde pública como o Midlands Asthma e o Allergy Research Association estavam preocupados com isso. Dessa forma o papel da comunicação seria não mais mostrar quanta sujeira alguém poderia limpar com um aspirador, mas sim porque é tão importante aspirar o carpete. Assim, de um básico eletrodoméstico para limpeza de carpete, o aspirador de pó Electrolux passou a ser um purificador de ar e o inimigo não era mais a sujeira, mas sim os microorganismos que causam doenças. O sucesso da campanha foi tão grande que a Associação de Fabricantes de Carpete da França moveram um processo legal contra a Electrolux por sugerir que carpetes não eram saudáveis.
'Brutal Simplicity of Thought', British Airways Club World, 2003 (M&C Saatchi, Richard Storey). Um ótimo exemplo de como a M&C Saatchi aplica sua filosofia de simplicidade brutal de pensamento. Para se ter uma idéia da complexidade do brief recebido do cliente, vale a citação: "The audience was one of the most astute and difficult to impress in the world: frequent business travellers. There were eleven separate advertising objectives. The service specification guide ran to 35 pages". E depois, o caminho da solução: "One of the most valuable planning skills is to reverse the inevitable forces of dumbing up. To remove unnecessary complications from a brief. Then remove some more. And some more after that. Until what's left is ten times more powerful because of it's simplicity". Após um tremendo esforço de pesquisa com o público alvo, descobriram que a principal preocupação deste grupo era uma só: dormir. Os planos para vôo destas pessoas eram um só: chegar ao destino tendo dormido bem. O brief criativo continha apenas 3 palavras: "Arrive having slept (Chegue tendo dormido)". O próprio vôo em si não era importante, e a exclusão de imagens do avião dentro e fora foram consideradas mandatórias. O resultado foi uma peça para TV extremamente simples, sem falas, mas que dizia muito para seu público alvo. Vale a pena conferir no Youtube.
"Keep Walking': the journey back to icon status", Johnie Walker, 2001 (Bartle Bogle Hegarty; Ben King, Dorothea Gartland). O wisky Johnie Walker já estava presente em 120 países antes da Coca-Cola deixar a América. Mas no fim dos anos 90 havia perdido o status de marca premium no mundo. As chamadas 'white spirits' estavam em ascenção e marcas como Bacardi e Smirnoff haviam tomado o lugar dos wiskies. O objetivo de comunicação não era simplesmente vender mais wisky, mas sim tornar Johnie Walker um ícone global novamente. Indo mais além, era fazer Johnie Walker ser o líder do público masculino. A pesquisa mostrou que existe grande envolvimento emocional com o produto, sendo que arrafas de wisky costumam ser o presente favorito em situções parabenização por sucesso pessoal. Assim, ao questionarem sobre o que seria sucesso, descobriram não é apenas sobre conquistas materiais ou ganho de status. O caminho percorrido até o sucesso final é tão ou mais importante quanto o sucesso em si. O próprio logo do Johnie Walker - the 'Striding Man' - foi criado em 1908 para representar o pioneirismo e empreendedorismo da família Walker. Assim nasceu o "Keep Walking", que por sua vez gerou uma série de ações que desenvolveram o tema ao redor do mundo, de forma criativa e local, trazendo de volta à marca o reconhecimento que havia perdido. Este caso é interessante pela necessidade da marca de se atualizar para recuperar o que havia perdido. É incrível notar também como o Planejamento conseguiu compreender tão bem o verdadeiro significado da marca e aplicá-lo na execução da comunicação. Um verdadeira aula de Branding.
"The answer was 'a-round' all the time", Hula Hoops, 1995 (Publicis; Michael Ellyat). Pra finalizar, achei este caso digno de mota por um motivo: o produto básico, um salgadinho já há bastante tempo no mercado inglês, mas que não possuía absolutamente nenhum atributo diferente dos demais. Daí o importante papel do Planejamento em 'descobrir' (inventar, melhor dizendo) o ponto de distinção do produto em relação aos demais. Assim, "(...) the majority of Hula Hoops benefits derive simply from the shape. The product is not just potato - it's air as well!". Constataram que se o formato do salgadinho fosse mudado, ele perderia tudo o que era. A partir daí descobriram qual era o tipo de humor que tinha mais apelo ao público-alvo e desenvolveram a campanha que dizia 'Oi... No, you can't change the shape of Hula Hoops!". Na minha opinião, muito fraca por sinal, mas o produto em si também é. Parabéns ao Planejamento que conseguiu extrair algo desse produto e ainda ganhar um prêmio com isso.
terça-feira, 13 de abril de 2010
WIRED 05.10
A edição deste mês da Wired comemora aniversário de 1 ano de lançamento no Reino Unido. Para isso traz na sua capa a matéria sobre as 100 pessoas mais influentes no desenvolvimento do mundo digital no UK ('The Wired 100 - Who's shaping the digital world?'). Um extensa lista de nomes e funções com algumas poucas descrições detalhadas do profile da pessoa. O primeiro da lista não por acaso é o CEO da Google UK Matt Brittin. Interessante notar a presença de Ajaz Ahmed (posição número 34) co-fundador e presidente da AKQA, #52 Rory Sutherland vice-chairman do Ogilvy Group UK e #94 Nicole Yershon Diretora de soluções inovadoras também da Ogilvy. Legal saber que algumas agências estão se destacando a ponto de exercer influência nos rumos que o desenvolvimento digital no UK está tomando ao invés de ser somente uma observadora passiva e seguidora de tendências estabelecidas por terceiros.
Outra matéria que achei interessante por razões pessoais foi sobre o uso da CCTV (câmeras de circuito interno). A Inglaterra é o país que mais utiliza essas camêras no mundo, gastando milhões e milhões de libras na compra, instalação, manutenção e operação desses sistemas, e 15 anos depois ainda não existe um consenso sobre a verdadeira utilidade das mesmas. Pesquisas mostram que elas não ajudam na redução da criminalidade e ajudam muito pouco na resolução de crimes. Achei esta reportagem bastante inusitada, assustadora e ao mesmo interessante por quebrar a idéia de segurança que temos quando estamos em locais onde há câmeras por todos os lados.
A reportagem mais interessante desta edição foi a chamada 'Tabula rasa - Why the new generation of tablet computers changes everything". É uma grande babação em cima do iPad da Apple, mas explica como esse novo aparelho irá mudar a maneira como nós interagimos com a tecnologia. A TV é um excelente meio para lazer mas péssimo para trabalho. O computador é o oposto. O iPhone foi o primeiro aparelho lançado que conseguiu unir as duas coisas de forma decente. As pessoas estão tão propícias a responder um email quanto a assistir um longo vídeo nele. Os tablets são um passo à frente nessa direção. O tamanho maior sem perder a portabilidade, a experiência tátil do touchscreen e do accelerometer, o acesso móvel à internet, a simplicidade de utilização por um sistema de navegação intuitivo, enfim, estes novos aparelhos serão como verdadeiras janelas para mundo que permitirá uma liberdade às pessoas nunca antes sentida. "A smartphone is mobile, but isn't fun to browse on. A laptop has the technology in built in, but few want to carry around a three-kilo computer for the privilegy of using a browser. The tablet bridges this gap. People will not only engage in new social experiences but will do so on a device that's easy (and beautiful) to use, wherever they may feel so inspired." Gina Bianchini, CEO, Ning.
Na minha opinião esta edição não foi tão interessante como a Wired costuma ser. Acho que para uma edição de aniversário ela merecia uma matéria de mais impacto. Acredito que a lista dos 100+ UK digital foi o resultado de um esforço tremendo de meses de pesquisa, mas achei bastante chata e sem graça (afinal, é uma lista, nada mais). A matéria mais interessante que é sobre os novos tablets pareceu até uma matéria paga pela Apple. Enfim, acho que a leitura desta revista sempre é muito válida, mas esta mês fiquei só na expectativa. Vamos ver como virá a do mês que vem.
Presentation Zen; Garr Reynolds
Este é o primeiro e melhor livro sobre apresentações que já li. É um daqueles livros que já pela metade te dá inspiração para levantar a cabeça e mergulhar no trabalho. Como o próprio autor explica, não é um livro sobre Zen, mas sim como os princípios de beleza, simplicidade e clareza podem (e devem) ser importados do Zen e aplicados à arte das apresentações, não como um método mas sim como uma forma de abordagem.
O autor começa afirmando que uma apresentação não necessita obrigatoriamente de um apoio visual como o Powerpoint (coisa que meu professor do mestrado Bruce Sinclair vivia repetindo para nós) embora hoje em dia isso seja tão comum que a simples idéia de fazer uma apresentação sem o uso de slides parece um erro grave.
Ele divide a criação de uma apresentação em 3 fases: preparação, design e entrega. A primeira é a mais importante de todas. É onde o apresentador vai definir o conteúdo de sua fala. Simplicidade e clareza são essenciais. Se sua audiência tiver que lembrar de uma só coisa de sua apresentação, o que deverá ser? O foco de sua fala deve ser aquilo que é mais importante. O seu conhecimento a respeito do assunto também deve ser ser excepcional. O teste do elevador: imagine que você preparou uma apresentação muito importante para sua carreir, e quando chega a seu chefe ele diz que infelizmente não tem tempo e que vc deve apresentar a idéia enquanto caminham até o carro dele. O você diria nesses poucos minutos? Essa é sua idéia principal que deve ser o foco da apresentação. Tudo isso parece muito óbvio, mas o autor explica de uma forma engajadora e recheia com exemplos e dicas para melhorar cada um desses aspectos.
Ele também passa várias dicas de como elaborar os slides (design) de forma simples e bela. A força de um visual relevante sobre tópicos escritos (bullet points) e mostra vários exemplos de slides antes e depois. Por fim dá também exemplos e dicas de como apresentar (deliver) sua apresentação, de como criar conexão com a audiência e também fala sobre a 'arte de estar completamente presente'.
Gostei muito da leitura e certamente vou procurar pesquisar mais sobre o assuntoe também sobre o autor. Inclusive pretendo em breve lançar um novo projeto de elaborar uma pequena apresentação de slides para cada resenha que escrever.
sábado, 10 de abril de 2010
Wikinomics - How mass colaboration changes everything; Don Tapscott & Anthony D. Williams
Um interessante (e essencial) livro para entender a revolução econômica que o live acesso ao mundo digital está proporcionando. Segue na mesma linha de 'The Long Tail' de Chris Anderson, celebrando a participacão ativa em massa no processo de produção, aprimoramento e comercialização de serviços, produtos, conhecimento científico, enfim, qualquer coisa que envolva a capacidade de trabalho mental.
Explica em detalhes como a tendência do 'open source' está mudando o conceito de trabalho, propriedade intelectual e principalmente o de lucro financeiro. As novas e empolgantes oportunidades de resolução de problemas por comunidades batizadas de 'ideagoras', onde grupos de especialistas (nem sempre especialistas da área em questão) se auto-organizam no desenvolvimento de soluções inovadoras para os mais diversos problemas. Penso no Yahoo Respostas mas voltado para ciências e tecnologias onde milhares de cientistas/pesquisadores/entusiastas se reunem para dedicar-se a encontrar soluções originais aos problemas propostos. Mostra como algumas grandes empresas como a Proctor & Gamble estão se beneficiando com a agilidade e economia de recursos que essas ideagoras proporcionam.
Os autores mostram alguns dos pontos negativos da nova economia mas se concentram em explicar e exemplificar os benefícios da nova realidade. Chega a detelhar-se em explicações sobre o que funcionará melhor para as empresas e como elas devem se comportar em relação à produção e distribuição de seus produtos/serviços bem como a nova relação com o cada vez mais poderoso consumidor e o cada vez mais independente e criativo funcionário, que hoje tem a sua disposição uma série de ferramentas que lhe dão liberdade de ação nunca antes experimentada.
A obra é bastante útil ao descrever tendências para a próxima década que estão mudando radicalmente a vida das pessoas e das empresas. A nova geração ('geração Net') que cresceu jogando videogames e que passa grande parte de seu tempo online tem interesses, gostos, princípios e idéias bem diferentes de seus antecessores, e é muito importante que saibamos como envolvê-los adequadamente no processo de comunicação, que jamais poderá ser interruptivo ou passivo. O engajamento com essas pessoas passará por um processo bem mais complexo ao mesmo tempo interessante, já que proporcionará um terreno muito fértil para a criatividade como nunca se viu antes.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
The APG Creative Strategy Awards 2007
Coletânea dos trabalhos submetidos ao Prêmio de Estratégia Criatia do Grupo de Planejamento que foram premiadas no ano de 2007. Aparentemente esta é a versão mais recente da edição (talvez até do prêmio), já que ganhei o livro da própria APG no primeiro dia do curso Network Trainning que estou fazendo por lá.
Em resumo, é a nata do planejamento estratégico da publicidade britânica daquele ano. E não é difícil entender porque, já que está recheado de pensamento profundamente criativo e soluções inovadoras baseadas no uso inteligente de pesquisa (o chamado 'consumer insight').
Na minha opinião merece destque o trabalho da AMV BBDO para o Sainsbury's (planner premiado: Craig Mawdsley, que tive o prazer de ouvir no primeiro dia do Net Trainning). Na busca por uma melhor interpretação dos objetivos econômicos do cliente encontrou a fórmula para o sucesso da comunicação com o 'Try something new today'.
Outro artigo exemplar é o trabalho de Tania Forester pela TBWA/London para o McDonald's, onde a conscientização de que encarar de frente o problema da percepção negativa em relação à comida 'fast food' levou a um conciso plano de ação detalhadamente sincronizado elaborado para retomar a confiança das mães e seus filhos que sempre foram o principal cliente da rede. Um verdadeira obra-prima do planejamento estratégico.
O artigo a respeito do trabalho da Wieden+Kennedy Amsterdam para a Coca-Cola é interessante pelo exemplo de como se orquestra uma campanha global mas com diferentes execuções produzidas localmente, sempre seguindo o mesmo objetivo numa descentralizada porém concisa estratégia de comunicação.
Por fim destaco o trabalho novamente da Wieden+Kennedy Amsterdam (planners premiados: Dave Cobban e Adam Collins). Através de uma característica do produto somada a um consumer insight criou uma campanha que celebra exatamente o oposto daquilo que a marca representa: o sabor da derrota. Faz isso de uma brilhante e bastante emotiva (a trilha sonora é de mexer com os nervos), tudo isso sem perder a relação com a identidade da marca. O resultado foi um bonito e emocionante trabalho criativo (vale a pena conferir no youtube: Nike Air Max A little less hurt).
Se eu fosse professor de um curso de publicidade esses seriam os trabalhos que certamente eu traria para classe, pois definitivamente eles são verdadeiras aulas de como se fazer planejamento que traz relevância e originalidade à propaganda. Todos os outros trabalhos apresentados são também casos premiados, soluções inteligentes, criativas e inspiradoras. Recomendo e muito a leitura do livro todo.
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Made to Stick; Chip & Dan Heath
O livro é um excelente texto a respeito de como fazer idéias "pegarem". É o resultado de um detalhado estudo sobre idéias/histórias que "pegaram", ou seja, que foram interessantes o suficiente para convencer e garantir sua multiplicação através do boca-a-boca sem necessidade de nenhum 'esforço de mídia'. Mostra o que essas histórias têm em comum e principalmente como aplicar os princípios da "pegabilidade" (stickyness) a outras idéias. Ou seja, é um manual de sobrevivência para o publicitário, muitíssimo relevante e também esclarecedor por sinal.
"Pegajoso" (sticky) = compreensível, memorável e efetivo ao mudar o modo de pensar e também o comportamento. De acordo com os autores, uma idéia para ser pegajosa deve conter os seguintes elementos:
SIMPLES: deve ser clara, concisa e curta, e ainda assim conter um significado maior dentro de si. Os provérbios e ditos populares ('dia de muito é véspera de pouco') são os melhores exemplos de como construir algo nesse sentido com maestria.
INESPERADO: a grande surpresa, que deve ser interessante para captar e manter a atenção.
CONCRETO: fatos e detalhes que ajudam o entendimento e a memorização. Abstração tem o efeito oposto.
CRÍVEL: elementos que ajudam as pessoas a acreditar na história, como a citação a alguma autoridade externa (especialista, celebridade, etc) ou interna (estatística, o 'teste Sinatra', credenciais), entre outros.
EMOCIONAL: ajuda as pessoas a se importarem. O 'princípio de Madre Tereza', o poder da associação, o apelo ao auto-interesse, o apelo à identidade.
ESTÓRIAS: são simulações que dizem/mostram às pessoas como agir. São também inspiração que dão energia às pessoas para agir.
Existe também o que os autores chamam de MALDIÇÃO DO SABER ('the curse of knowledge'), que nos atrapalha e muito a construir uma história pegajosa. É a condição em que nos encontramos quando conhecemos algo tão bem que torna-se natural para nós, e nos faz esquecer de como é não saber sobre aquilo. É o principal motivo que nos impede de articular nossas idéias e histórias de maneira que convença e conquiste as pessoas, e devemos treinar muito para aprender como contornar essa maldição.
O livro é recheado de exemplos que põem em prática as técnicas, que são explicadas de uma a uma em diferentes capítulos. Ao fim do livro encontramos também um resumo para referências que na minha opinião é de muitíssima utilidade.
Uma excelente leitura. É um daqueles livros que a gente lê e pensa "porque eu não li esse livro antes?". Altamente recomendável para todos os contadores de histórias (publicitários, jornalistas, seres humanos em geral...) e principalmente para os que estão no ramo de engenharia social, também conhecido como agente de mudança de comportamento de massa ou mais simplesmente planejador de propaganda.
ADMAP FEB 2010
Ganhei essa edição da ADMAP numa das seções do curso da APG que estou fazendo. Traz na capa a reportagem sobre o futuro do planejamento ("The future of planning") com o extrato de um debate sobre o tema entre alguns dos 'heróis' do planejamento da propaganda inglesa (e também mundial, por consequência). Na verdade o assunto planejamento-e-seu-futuro é o tema de toda a edição, que traz também um artigo do 'profeta' Jon Steel onde ele se pergunta não só se o planejamento está memso em evolução como também qual é o verdadeiro papel do planner no processo de criação da propaganda.
Outro texto muito interessante é sobre o novo modelo da tradicional agência ("A new agency model") que fala sobre o novo papel da criação como responsável pela aplicação da idéia sem restrições quanto ao meio, e também o papel da account planning como provocador de mudança de comportamento de massa. Enfim, achei uma leitura extremamente relevante, atual e acima de tudo fundamental para quem tem a intenção de permanecer atualizado no mundo da publicidade. Vou fazer um esforço e comprar a assinatura com certeza!
WIRED 04.10
A edição deste mês traz em sua capa a matéria sobre empresas que desenvolveram inovadoras maneiras de organizar e gerenciar o método de trabalho de seus funcionários, mostrando exemplos desde a malharia 'Howies Hoodies' até um hospital em Bangalore especializado somente em cirurgias no coração. Interessante notar o exempo da 'Inditex' dona das marcas Zara, Bershka e Massimo Dutti que desenha, fabrica e despacha da Espanha toda sua linha de roupas em questão de dias ou mesmo horas, onde o normal da insdústria é investir meses de produção entre a prancheta e a prateleira. outro exemplo é o da equipe de fórmula 1 McLaren constantemente desenvolve e patenteia novas tecnologias e que através de parcerias consegue aplicar esse conhecimento em diversas outras áreas desde a militar à esportes olímpicos.
Traz também uma excelente matéria intitulada "The future of money", que na minha opinião é o melhor conteúdo deste edição e merecia ter sida capa (na verdade esta matéria foi capa da edição americana). Fala sobre a revolução que os novos sistemas de transação financeira online estão iniciando e como o paypal, itunes, twitpay e outros estão 'assassinando' o cartão de crédito. A eliminação dos vários intermedirários que as operações com cartão exigem somado à segurança de não precisar transmitir informações bancárias em cada transação são duas das grandes (e óbvias) vantagens desses novos sistemas.
A terceira matéria que merece destaque chama-se "David Cameron's battle to connect" e descreve os bastidores da campanha eleitoral de Obama em relação ao uso de ferramentas digitais como o Facebook, Twitter e Youtube. Conta a tragetória de David Cameron, o assessor de Obama durante as eleições presidenciais encarregado de elaborar e executar a parte digital da campanha. Andei lendo uns artigos no The Times e também no The Guardian sobre como as próximas eleições britânicas serão as "eleições do Blackberry", a respeito de como o uso dos meios de comunicação digitais online deverão ser instantâneos e perfeitamente precisos. É a revolução digital mudando para sempre o jeito de se fazer política.
The Lucifer Principle; Howard Bloom
A remarkable – and pessimist – view on the human nature, the book brings Bloom’s interpretation of an extensive series of evidence from science, psychology, philosophy and history to argue over what he calls ‘the Lucifer Principle’, which is the human instinct for competition and destruction, which plays a fundamental role in his evolution.
The author structures his theory in several short and consistent chapters where his ideas will develop in an intuitive order. He compares several social studies with guinea pigs with historical facts to prove how far we are to have control of the fraction of our minds called ‘the animal mind’.
He also explains how we think and act as members of the society – our role as cells of the superorganism. He presents a few examples of notably mass manipulation cases such as totalitarian governments that followed his ‘rules’ to create cohesion around the meme (idea/ideology).
According to Bloom, the future of the human race is in the space: to find other planets to explore and call home. But he says that the only way to finally achieve eternity – as a race – is to find a way to stop war. Conflict is something intrinsic to our nature, and our greatest victory will be eradicating that from ourselves.
It is definitely a very interesting reading. Provides a rough idea on how to manipulate people (the author has been a successful ‘star maker’ in the American music industry). A new way to study societies.
Outliers – The story of success; Malcom Gladwell
The book is about how extremely successful people (the Bill Gates kind of people) have done along their lives to become the top of the top on their fields – and the author defends that hard work and talent alone would never be able to lead achievements.
Presenting brilliant research in a range of disciplines like sociology, linguistics, science, math, history and others, Gladwell explains how a lot of different factors both big and small, many of them relegated to chance and/or historic situations, will all converge to affect the our lives and produce the so called outliers. His point is that despite what the mass media will tell us everyday about the stars, no one is capable to become a ‘legend’ in whatever activity this person is in only by his own efforts.
He compares some background facts on the life of people who have IQ scores of real geniuses and explain what happened during their lives that helped those who achieved success and those who didn’t, despite all the inborn advantages of both groups, as one of the many examples used to prove that success owns more to casualty than to natural vocation.
Particularly I like Gladwell’s writing style and I think he always have great subjects and groundbreaking thought in his books. This one may not be as useful as The Tipping Point, but is as much interesting as Blink is, and gives us an important message when he concludes that opportunity may happen to anyone, but only those who are prepared will seize it. And he also advocates that we should start thinking on a society which would facilitate talent to develop instead of relegating it to probability.
Começando
Finalmente encontrei tempo/motivação/inspiração pra começar meu blog. É uma daquelas coisas que já venho pensando em fazer há anos (sim, anoS) mas sempre ficou naquela do 'fica pra daqui a pouco'. Bom, começo oficialmente hoje e o tema deste blog será uma das coisas que mais me dá prazer nessa vida: minhas leituras. Decidi que o blog será o destino das 'resenhas caseiras' que faço dos meus livros. Caseiras porque (por enquanto) não têm o objetivo de ser algo profissional igual aprendi na faculdade, mas sim o mais expontâneo possível, e pretendo ir aprimorando a fórmula com o passar do tempo a fim de torná-lo mais do que uma opinião/resumo porém menos (bem menos) do que uma resenha acadêmica. Enfim, gostaria de agradecer bastante à minha amiga e ex-colega de faculdade Poliana que me inspirou bastante a começar este projeto. Foi visitando o blog dela onde pude perceber o entusiasmo que ela tem e a liberdade que ela se dá para publicar o que quer que se passe pela mente ativa dela. Beijo grande, Poli! Mais uma coisa: a ilustração deste primeiro post chama-se "retrato de Samuel Beckett" e está rodeado pela citação que achei bastante relevante além de encorajadora: No matter Try again Fail again Fail better